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sábado, 15 de outubro de 2011

110

 Ficamos nos olhando por muito tempo, sem Guilherme ali eu não sabia nem o que eu iria falar.. e bem tenho que dizer que aquele Maike era meio estranho no meu ponto de vista, quando ele olhava para Guilherme era... diferente, era como se ele estivesse vendo além do que Guilherme deixava transparecer. 
Elizabeth parecia ser uma pessoas boa apesar de estar sofrendo, eu pude ver isso em seus olhos e bem eu também estava, acho que quando há dois corações partidos no mesmo lugar eles se.. bem, se reconhecem. 
Vi Maike sair lançando um olhar triste para Elizabeth e acho que vi coisa a mais naquele olhar, não era por nada não mas eu acreditava que havia mais sentimento envolvido naquele olhar do que poderia pensar. 
- Ah.. - falei tentando quebrar o silêncio entre a gente. - Desculpa mesmo.. não queria incomodar vocês e... 
Balancei a cabeça, " o que eu estava pensando? dar uma de depressiva agora não ia melhorar nada a situação."
-Diana , sinta-se em casa esta tudo bem , acho que é melhor ele ir , passei por tantas coisas hoje , perdi a pessoa que eu achava que amava , e agora Maike , é meu melhor amigo que gosta de mim , e eu não sei mais o que fazer , mais mesmo assim , vou me divertir , esta com vergonha não esta ? - ela falou com um sorriso no rosto que pareceu ser sincero. 
- Estou eu acho ... - abaixei meus olhos. - Você não é a única.. está acontecendo tanta coisas comigo que tenho medo que outras pessoas queiram me.. bem... me machucar. 
Fechei meus olhos deixando que as lágrimas caissem enquanto a imagem de Guilherme viera em minha mente. 
- Eu queria ser forte... - falei - eu queria ser forte para poder ajudar ele, eu odeio ser fraca e ter que sempre chorar.
- Que tipo de coisas querida? Quer conversar ?Olhe , estamos passando por coisas difíceis , podemos dividir os sofrimento juntos , porque sempre que temos um amigo pra estar conosco , é mais fácil.  - limpei minhas lágrimas com a palma das minhas mãos enquanto a via sorrir para disfarçar sua vontade de chorar. -Sabe , eu quero chorar agora.
Deixei- me que ela me levasse enquanto o silêncio da casa fora tomado pelo som de meu choro, sentei-me ao seu lado e pus minhas mãos no intervalo entre minhas duas pernas enquanto desviava o meus olhos de minha mão para a garota.
- É na verdade... - falei mordendo minha boca -  um segredo, é algo realmente confidencial. Algo que pode abalar tudo que a ciência acredita, um problema que agora está me envolvendo.
Respirei bem fundo lembrando-me de Kirous o pai de Guilherme e de Troy, o cara com o pior destino que alguém poderia querer.

-Sabe , Acho que precisamos rir enquanto há tempo então , ou logo acabara tudo . – ela sorriu esperando que eu sorrise também, mas não dava... não quando um exercito de anjos das trevas estava atrás de você para mata-la e fazer com que seu grande amor sofresse as consequencias.
- Não na minha situação, eu bem que queria esquecer um pouco sobre isso... - falei respirando fundo - mas eu irei tentar, tentarei sorri quando puder.
Tirei a franja que estava caindo sobre meu olho e olhei para os arredores da sala, meu coração estava despedaçado.. morto e congelado e parecia que não havia nada que pudesse mudar isso.

Ok, tudo bem , o que esta acontecendo ? – ela perguntou com o tom de voz um pouco grosso mas ao mesmo tempo curioso, era de se esperar uma pergunta dessas de uma hora para outra.
 - Se eu te dissesse você nunca iria acreditar. - falei cruzando minhas pernas e a olhando com o tom de voz confiante. - é um tanto impossível de você acreditar que isso existe, não sei se adiantaria..
Falei um pouco pensativa.
-Se você não disser, nunca vai saber , talvez eu tenha vivido coisas que você nem imagina , e de uns tempos pra cá , tenho acreditado em tudo. -  ela falou levantando uma de suas sobrancelhas, respirei fundo procurando coragem e falei:
- Ah uma guerra acontecendo. - falei com os olhos fixos nos dela, tentei me manter o mais séria possível. - A guerra dos anjos das trevas, e eles estão atrás de mim para acabar comigo e castigar Guilherme por sua infidelidade. 
A expressão de seu rosto era indecifravel, não tinha como dizer se ela tinha acreditado ou não... e eu estava com medo do que ela poderia dizer, eu sabia que não estava louca por enquanto. 
-Achei que houvesse uma guerra todos os dias pelo mundo , mais de anjos ?Anjos bons e Anjos maus ? Você fuma menina ?Se drogou ?-  eu já esperava que ela falava algo do tipo, ou talvez estivesse esperando pior,  bufei e fiz sinal com a mão para que deixasse para lá. 
- Não precisa acreditar em mim senão quiser, não quero te envolver nisso. - falei cruzando os braços e indo em direção a janela, meus olhos procuravam algo que eu sabia que não ia encontrar por um bom tempo.
Guilherme. 
Meu coração se apertou de um jeito não tão gentil que me fez encolher. 
- Não são anjos maus contra os de bem. - falei fazendo uma careta. - Na verdade é os anjos maus contra os humanos, o pai de Guilherme quer acabar com todos aqueles que possuem sentimentos bons e transformar os maus em anjos, é isso... uma guerra. Os anjos de bem... não sei se existem nunca vi um, mas se existem espero que façam algo para impedir isso.

109

A figura de um garoto apareceu depois que a porta se abriu, seus olhos estavam fixos nos de Guilherme e pela expressão de seu rosto eu pude perceber que havia algo de errado entre os dois.
Como um vento o garoto que segundos atrás abrira a porta fechou milessimos depois, eu quase perguntei para o Gui qual era o problema dele mas quando olhei para seu rosto eu pude ver a mesma expressão que havia naquela garoto. Respirei fundo e bati na porta meio tensa com o que poderia acontecer, voltei a olhar para o Gui mas fui surpreendida quando a imagem de uma garota apareceu quando a porta se abriu. 
- Oi... - falei tímida, olhei para Guilherme procurando palavras, ele por sua vez passou a minha frente e falou:
- Podemos entrar?
-Claro , claro que pode , entrem - ela falou, Gui segurou em minha mão e me conduziu para dentro da casa dei uma rápida olhada ao redor da casa e fiquei fascinada pela organização. -O que posso fazer por vocês ? 
Gui me parou na entrada da sala e me pos ao seu lado, suas mãos tremiam e eu sabia mas que ninguém que alguma coisa estava errada. 
- Obrigado por nos ter deixado entrar. - ele falou sorrindo gentilmente enquanto ignorava os olhares do outro garoto. - Não quero incomodar, mas minha namorada... Diana. - então apontou para mim e eu sorri junto - Precisa de um lugar para ficar, se não for muito incomodo... ela poderia ficar uns dias aqui? 
Apertei sua mão com força e desviei meus olhos dos dela, não sabia o que Guilherme estava planejando mas já tinha uma idéia.
.-Claro , mais , tem alguma coisa errada .Eu sei , da pra ver no seu olhar  - ela falou fazendo com que eu lançasse olhares alarmantes para Guilherme e depois para ela, respirei fundo tentando manter a calma.
- Tem sim. - ele falou mostrando tranquilidade - e por isso estou aqui, queria mante-la em segurança e sei que aqui é o lugar certo para isso. 
-Porque ela abrigaria uma garota da qual nunca vira na vida , grandalhão ? - perguntou o garoto.
Guilherme levantou as sobrancelhas mostrando indiferença quando o garoto fez aquela pergunta para ele, mordi o canto de meus lábios.
- Porque sei que ela tem um bom coração e acho também que ela precisa de uma amiga essas horas, ta que ela não conheça Diana direito... mas pode começar a conheçe-la. - disse.
-É claro que eu vou abriga-la , e sim , não sei se tenho um bom coração mais , foi despedaçado tantas vezes , mais ainda assim , acho que bate um pouco  - ela falou com lágrimas nos olhos, no primeiro momento quis abraça-la e dizer que está na mesma situação mas continuei quieta deixando que Guilherme fizesse tudo.
Ela estendeu a mão em minha direção e hesitante eu estendi a minha mão em direção a dela e apertei.
- Prazer.. - falei ainda sorrindo sem graça - Sou Diana e ele é Guilherme.
Guilherme fez o mesmo quando ela estendeu a mão dela em direção a dele e por fim falou:
- Então acho que eu já vou... - ele falou olhando -me com tanta tristeza que partiu meu coração. - Vou sentir sua falta. - ele sussurou em meu ouvido e depois falei:
- Eu te amo. - falei sabendo que era a ultima vez que essas três palavras iriam ser pronunciadas de mim. - Se cuida.
 - Você também. - ele falou e então foi embora deixando nos três parados ali. 

108 - Esperanças

 Ele continuou me segurando enquanto andava pelas ruas desertas e silenciosas, passamos por uma placa que estava escrito o nome da cidade ou deveria ser o nome... Speranza.  Nome estranho, cidade estranha e clima estranho... tinha nada de normal naquele lugar mas mesmo assim aquela cidade me dava uma sensação boa, uma sensação boa.  Essa sensação se bem que eu conhecia, eu costumava chama-la de esperança. 
- Por que viemos aqui? - perguntei olhando para Guilherme, as asas dele já tinham sumido e a temperatura de seu corpo ficara normal novamente. 
- Essa cidade... - falou, seus pensamentos pareciam distantes. - tem uma história magnifica, mas não tenho muito tempo para lhe contar... talvez algum morador lhe conte. 
Não gostei muito disso mas fiquei calada, virei meu rosto para observar melhor a estrutura daquela pequena e simples cidade que parecia servir de cenário para aqueles filmes de mil novecentos e antigamente.
Passamos por várias casas e parecia que nenhuma tinha interessado Guilherme somente uma, a ultima de uma das várias ruas que haviam por ali.
Era bonita, tinha um toque moderno mas parecia ser simples...mas pelo que via deveria ser confortável.
Guilherme fixou seu olhar no rosto de um garoto que acabara de sair daquela casa, seu rosto estava vermelho  deveria tar com raiva de algo e juro que fiquei super curiosa para saber o que era, ele passou direto por nos e parecia que nem tinha percebido nossa presença.
Estavamos cada vez mais proximos e tive uma breve sensação sobre aquela casa, uma sensação de que tudo poderia melhorar eu creio... mas mesmo assim nem mesmo uma casa poderia mudar o destino que estava escrito para mim e para Guilherme. 
Nunca iamos poder ficar juntos.


Guilherme bateu na porta quando me pos no chão, institivamente fiquei atrás dele com as pontas do lençol presas em minha mão.  Ele sabia muito bem esconder seus sentimentos mas não agora, ele estava nervoso e um pouco ancioso, olhei novamente para a porta.. a maçaneta girou-se e a porta se abriu fazendo com que eu sentisse um frio na barriga.

107

Deixei minha blusa e minha calça em um canto do celeiro estendidos para que secassem logo em seguida fui em direção ao colchonete improvisado e deitei-me pensando em várias maneiras para demonstrar  o quanto eu poderia ser forte mesmo naquela situação.
- Vamos embora! - gritou Guilherme logo após o estrondoso barulho da porta sendo arremessada para o outro lado, rapidamente peguei o lençol e o envolvi em torno do meu corpo olhando-o assustada. - Levante-se, o que está esperando?
Ele pegou em meu braço e me levantou bruscamente deixando que o lençol se desenrolasse de meu corpo e caisse me deixando somente de calcinha e sutiã, ele não pareceu surpreso mas fiquei sem graça.
- Calma ai. - falei tentando me soltar de sua mão - Para onde vamos?
- Para longe... - ele falou me pegando agora em seus braços e pondo o lençol em torno de meu corpo novamente. - Não tenho tempo de explicar agora, só se segure.
Fiz o que ele pediu, envolvi meus braços em seu pescoço e no mesmo segundo suas asas começaram a bater tão rápido que tudo que estava atrás voou, ele chegou para trás e saltou voando em direção celeiro a fora.
Tinha que falar que estava muito assustada com a expressão de Guilherme, seus olhos estavam muito vermelhos e seu corpo queimava de tanto que estava quente. Estavamos voando tão rápido que em torno de cinco minutos depois que saímos de lá, uma pequena cidade começou a ficar em nossa vista, não parecia ser muito habitada mas era ali que Guilherme iria me deixar porque quanto mais nos aproximavamos, mais iriamos diminuindo a velocidade e a altura até que finalmente tocamos o chão.



106

Sentei-me em cima de uma das maiores nuvens que ficava pelas redondezas da fazenda, mesmo não podendo de vez em quando eu ficava observando Diana até que ela adentrou no celeiro. 
Eu queria ter esperanças que um dia nos dois poderíamos ficar juntos sem interrupções, sem guerras e nada do tipo... mas isso não seria possível.
Eu era um anjo, um anjo das trevas... eu era uma ameaça para ela que era uma simples humana envolvida em uma guerra que eu causei. 
- Bem que sabes. - uma voz surgira de trás das nuvens fazendo com que minhas asas se agitassem, sem interesse algum virei meu rosto e vi Derick parado. - Que pena não é mesmo... não poder ficar com quem ama.
- Vai embora. - falei trincando os dentes - Esse assunto não é da sua conta. 
Fiquei em pé fazendo com que meus músculos ficassem rígidos. 
- Desculpa irmão. - ele falou com ironia na voz - Mas esse é um assunto que é de minha conta sim, aliás e da conta de todos nós.
Ele abriu os braços como se tivesse indo abraçar-me, recuei enquanto vários de outros nossos irmãos surgiam inclusive nosso pai. 
Franzi o nariz enquanto o via voar em minha direção.
- Você acha que aquela coisa iria me distrair por muito tempo? - ele falou parando ao meu lado e pondo sua mão pesada e forte em meu ombro. - Olha só, pensei que fosse mais esperto ainda mas quando as coisas veem de você Guilherme... não quero poupar seu tempo meu filho, te darei 10 minutos para pegar aquela sua namoradinha inútil e esconde-la em um lugar melhor, se eu acha-la em menos de uma hora eu a matarei e ainda te deixarei de castigo, você como ninguém sabe quais são os castigos que eu imponho. 
Rosnei tão alto que aposto que Diana ouvirá lá de baixo. 
- Não tenho medo de você. - falei sentindo meus olhos arderem de raiva. - Suas ameaças não me assustam.
- Isso é bom - ele falou rindo enquanto se afastava e ia em direção aos meus irmãos. - Significa que isso vai ser divertido. 
E então eles sumiram como sempre faziam.
- Covardes - falei enquanto voava em direção a Diana.



105

Talvez isso fosse apenas mais uma daquelas fases que se precisa de tempo para que tudo volte a ficar normal, mas não era, eu sabia que isso não era temporário, eu sabia que agora em diante ele não iria mas se intrometer em minha vida. Era isso que ele queria, mas eu não.
Era nesse momento que eu precisava de alguém para me abraçar, para me dizer que tudo iria ficar bem mesmo sabendo que não irá, alguém para chorar comigo e dizer que mereço coisa melhor... é, eu precisava de uma amiga de verdade.

Você roubou a minha vida 
A alma inteira
Você não sabe como é a 
minha dor mas eu não quero a sua 
pena
Você não sabe o importante que foi
Que sua ausência nunca vai chegar ao fim
Que eu te dei um pedaço de mim.


Aquela música não saía de minha cabeça e fez com que meu coração doesse brutalmente. 
- Cansei de chorar... - sussurei para mim mesma - Cansei de me mostrar fraca quando eu preciso me mostrar forte, cansei de não lutar pelo que quero e somente lamentar pelo o que não aconteceu, cansei... cansei de ser nada para o mundo.
Levantei-me da grama e pouco me importei o quanto suja eu estava, começei a correr em direção ao celeiro sentindo a forte chuva me molhar e fazer com que minha roupa pesasse sobre o meu corpo.

sábado, 8 de outubro de 2011

104

Queria sentir seu cheiro, tocar seus lábios pela ultima vez antes do nosso verdadeiro adeus acontecer... antes que tudo entre nos dois se acabe.
Aquela conversa não foi um adeus definitivo, foi apenas uma amostra grátis do que viria pela frente e de que seria 100% pior do que aquilo, 100% mais difícil e mais doloroso. 

Andei em direção ao celeiro já que a chuva piorara, não que eu me importasse em ficar doente, naquela altura do campeonato pouco me importava a minha saúde e o que iria acontecer comigo daqui para frente, tirei a blusa e a pus em um canto na qual ela pudesse ficar secando e fui me deitar no colchonete improvisado. 
Estava machucada demais para continuar  em pé, continuar vivendo como várias outras pessoas estão neste momento.
"A gente nunca sabe o verdadeiro valor do amor até que chega o momento em que somos obrigados a deixar de amar , no exato momento em que somos obrigado a esquece-lo."
Guilherme foi a pessoa mais importante para mim e sei que não existirá ninguém que irá substituir seu lugar em meu coração, na verdade ninguém tem chance de arranca-lo de seu pódio... de sua verdadeira morada. 
Escondi meu rosto no travesseiro deixando que a dor da perda, a dor da magoa, a dor da decepcão se extinguisse em meu corpo. Eu daria tudo para voltar atras mas nunca iria mudar o destino que foi me dado, apesar dele ter me sacaneado e ter me feito sofrer milhares de vezes mas isso fazia parte da vida não é?! eu tinha que aceitar isso, aceitar que a vida não é só feita de sorrisos mas é feita também por lágrimas e dores... apesar que os ultimos dias foram feitos mais de lágrimas do que de sorrisos, mas tranquilo... eu ainda to viva.

- E essa dor que insiste em ficar... - sussurei enquanto as lágrimas joravam - insiste em me fazer chorar e fazer meu coração sangrar, essa dor que insiste em me matar enquanto ainda ar para eu respirar.
Gritei, mas gritei tão alto que a maior parte da agonia que havia dentro de meu peito suavizou e as lágrimas começaram a secar.
De uma hora para outra nada mais para mim fazia sentido, desde ontem a minha existência se tornara invalida... significava que estava mais que na hora de eu morrer e todos sabiam, inclusive eu.