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sexta-feira, 3 de junho de 2011

37

"Lá estava ele, parado no meio da rua com a barriga nua e com os braços cruzados, seus cabelos pretos se mexiam de acordo com o vento, mas não era aquele vento fresco não... era aquele vento quente, sufocante... horrivel.
Seus olhos, estavam fixados em mim e percebi que havia um brilho neles... um brilho bem estranho por sinal, pois eu nunca vira Guilherme daquele jeito. NUNCA.
Ta, só nos conhecimos menos de uma semana, mais parecia que eu conhecia a vida toda, estremeci um pouco, aquilo parecia mais um filme de terror. Seus traços marcavam raiva, odio, sede de vingança... algo tão assustador que me fez pensar se eu iria nele ou não, algo tão amedrontador que por um momento tive medo de Guilherme.
Dei o primeiro passo, nada aconteceu.
Dei o segundo... terceiro, quarto... nada aconteceu de novo, voltei a olhar para Guilherme que agora virava um pouco sua cabeça para o lado, seus olhos cada vez mais perversos, demoniacos. 
Eu não podia, eu não devia... sabia que se eu me aproximasse mais dele algo iria acontecer, algo de ruim... algo que podia por minha vida em risco. 
Minha visão então começou a ficar embassada, pisquei, esfreguei minhas mãos nos olhos mais nada adiantou, a escuridão avançava de acordo que Guilherme andava em minha direção,meu coração vacilou quando seu rosto ficou cada vez mais claro... mais visivel, mais bonito, mas proximo do meu,mas não sabia se isso era bom ou ruim.
Ele parou.
Então foi a vez das sombras, elas começaram a se agitar feito loucas. O que me deu mais medo, pois elas começaram a fazer um circulo em volta de mim e avançarem lentamente. 
O que me irritou e me assustou mais ainda foi que Guilherme continuara parado no mesmo lugar, me observando e as sombras que estavam quase me engolindo. Tentei correr mais não consegui, meu corpo estava paralisado... tentei gritar, mas minha boca parecia que estava colada... a unica coisa que eu conseguia fazer era respirar e ficar olhando.
Meu coração estava cada vez mais fraco, ficava mais inutil.
Guilherme andou um pouco mais na minha direção, seu rosto completamente indecifravel, irreconhecivel, seus olhos cada vez mais negros, mais assustadores, mais malignos... 
Um rosnado então saiu da boca de Guilherme, como se ele fosse algum tipo de animal.. sei lá, foi tão que as sombras agarrarram minhas pernas e subiram por elas como uma cobra, cobriam cada parte do meu corpo, meus olhos ficavam cada vez mais arregalados, tentei novamente pedir socorro mas minha boca nao me obedecia... e por fim as sombras cobriram meu corpo todo.
Mas antes de tudo acabar, eu ouvi uma ultima coisa.. uma voz estranha se dirigindo a Guilherme.
- Muito bem... - falou uma voz masculina - Seu pai ficará orgulhoso... Filho das trevas."

  Levantei do colo de Guilherme, suando tanto que parecia uma cachoeira. 
Suas mãos pousaram no intervalo entre meus peitos e me ajudou a deitar novamente, eu estava tão assustada com aquele sonho.. o que seria aquilo? 
Eu não tava com medo totalmente do sonho, mas sim da parte que alguns desses sonhos que eu tenho são realidades, mas como esse poderia ser real se eu ainda estava ali? dentro de casa, mexendo meu corpo como eu bem entendo?
Voltei a olhar para Guilherme, e logo percebi a preocupação em seus olhos... nada de odio, nem raiva. 
Suspirei aliviada.
- Tudo bem? - ele perguntou tirando um fio de cabelo do meu rosto e pondo-o para trás, meus olhos estavam fixos na sala. - Está pálida.
- Foi só um sonho... - respondi dando de ombros - só um sonho... eu estou bem. 
Parecia que eu estava convencendo mais a mim mesma do que a ele, virei-me para olhar Ster que estava jogada no sofá com os braços atras da sua cabeça como apoio.
- Como foi? - ele perguntou meio interessado - Quem estava nele?
Engoli em seco, será que eu deveria falar para ele que era ele que tava lá? 
- Você e eu. - respondi hesitante, esperando alguma alteração no seu rosto... mas nada, só a curiosidade. 
- Foi tão ruim? - ele perguntou levantando uma de suas sobrancelhas negras.
- Não me leva a mau Gui. - falei chamando-o pelo o apelido - Mas foi terrivel... péssimo... 
Mordisquei o canto de meus lábios esperando o choque em seus olhos, mas não foi isso que aconteceu... ele ainda estava calmo e severo. 
- O que aconteceu nele? - ele perguntou novamente, eu queria responder...desabafar sobre tudo que havia acontecido, mas o melhor era esquecer daquilo. Me levantei e fiquei de pé. 
- Vamos dar uma volta? - perguntei tentando sorrir, Guilherme levantou-se ajeitou sua roupa e tirou sua camisa, fui ate Ster e a acordei.