Abri lentamente meus olhos, a visão tava meio embassada mas mesmo assim consegui distinguir o rosto de Guilherme, a luz do teto deixava seu rosto um pouco iluminado.
- Como você ta? - ele perguntou, senti uma pontada de preocupação no seu tom de voz.
- O que você acha? - falei desafiadoramente, eu não conseguia mexer muito bem meu corpo.. estava pesado demais.
- Não quero brigar com você. - ele falou severo sentando ao meu lado.
- Não quer? então quer por favor me explicar... - tossi - Por que queria me matar?
Ele ficou em silencio por um bom tempo, parecia que estava procurando as palavras exatas e com muito cuidado como iria dize-las.
- É complicado. - ele falou fixando seus olhos negros nos meus, eu não tinha mais medo dele, ele realmente tinha me surpreendido.. mas era minha vez de surpreende-lo.
- Sou capaz de entender. - falei tentando fazer esforço para eu me sentar, mas não consegui.. a mão de Guilherme me obrigara a me deixar deitada. Gemi.
- Estou me referindo... - ele hesitou por uns instantes - a sua éspecie.
Hã? cuma?
Eu realmente começei a me sentir algum tipo de animal, nao entendi muito bem o que ele queria se referir com a 'minha especie'.. sera que minha familia e eu tinhamos algum tipo de problema?
- O que voce quer dizer com isso? - perguntei atordoada - Voce ta chamando minha familia e eu de doentes?
Ele riu, mas não por achar graça no que eu falara... mas de nervoso.
- Não... - ele falou acariciando meu rosto, ele sabia como me deixar calma mesmo depois do que tinha acontecido. - Estou falando da especie humana... vocês nao iriam entender, acreditar se eu falasse.
Enrruguei minha testa.
- Você é algum tipo de mutante? - perguntei cruzando meus braços com dificuldade, Guilherme riu novamente olhando para janela a fora.
- Não, mas é algo dificil de se explicar. - ele falou ficando sério - você não iria acreditar em mim se eu dissesse.
- Creio que nessa altura do campeonato sou capaz de até acreditar que papai noel me visita todas as noites. - falei sarcasticamente, ele me olhou mordendo seus labios .
- Eu sou um anjo... - ele falou levantando-se de minha cama e andando pelo meu quarto, de um lado pro outro - Não sou um tipo qualquer de anjo... minha especia é rara, quase não se tem por aí.
Meu coração se acelerou... "um anjo? mas anjos não são bons?" pensei e voltei a olha-lo.
- Nem sempre. - ele respondeu meus pensamentos - Meu pai é o anjo das trevas, é o anjo da morte... podemos dizer que ele é demonio, mas então... ele sempre falara que temos que matar as pessoas que praticam o bem porque no futuro poderiam acabar com a nossa especie mesmo que eles sejam os mais fracos...
Deixei ele continuar, eu tentara mil vezes imaginar como seria a familia de Guilherme... mas agora seria um pouco mais dificil pois eu não sabia como deveria ser a forma de um demonio ou de um anjo demoniaco.
- Sou imortal... - ele falou pondo seus braços para trás. - Eu vivo para matar, sou uma maquina de assassinatos.. matar me faz bem... quero dizer, pode ser horrivel para você estar ouvindo esse tipo de coisa, mas matar faz com que nossa especie evolua mais.
Eu tentei raciocinar com uma coisa dessas, como isso?! era realmente horrivel demais.
Então imaginei quantas vitimas estavam mortas por causa do pai de Guilherme e quantas mais poderiam morrer.
- Por que isso? - perguntei com a minha voz tristonha. - Vocês vao aniquilar toda a especie humana?
- Não exatamente. - ele respondeu voltando a se virar na minha direção. - Meu pai só quer as pessoas com a alma pura mortas... e as pessoas com a alma ruim, demoniacas vivas, mas ele ainda nao me disse o por que.
- Quer dizer... - eu parei para rapidamente tentar raciocinar com aquelas palavras. - você é escravo do seu proprio pai?!
- Não... - ele falou rindo - Temos direito de escolha.. ou serviamos os desejos de meu pai ou nos tornariamos humanos e na primeira oportunidade iriamos ser assassinados brutamente.
Meu coração vacilou, eu nao queria imaginar Guilherme morto... ainda mais que eu nao sabia o metodo de como eles matavam.
- Então voce escolheu ser uma maquina de matar por livre e espontanea pressao? - perguntei cada vez mais curiosa, aquilo estava me deixando anciosa.
- Não. - ele respondeu com o olhar severo - Eu escolhi ser isso porque eu sabia que eu era assim, meu destino sempre foi esse e eu não poderia fugir do meu proprio destino.
Abri minha boca um pouco e fiquei pensando, ou tentando pensar um pouco sobre aquilo... mas ainda ele não tirara minha duvida.. por que ele nao me matara?
- Por que voce nao me matou? - perguntei depois de um certo tempo, engoli em seco esperando anciosamente pela resposta.
Ele não respondeu nos primeiros segundos, mas logo ele voltou a sorrir carinhosamente para mim.
- Eu queria matar você, era minha obrigação. - ele falou cada vez mais sombrio - Eu tive que inventar aquele sonho que você teve para enganar meu pai, mas daqui a um certo tempo ele vai descobrir que você ta viva e não sei o que vai acontecer...
- Então por que nao me matou? meu Deus Guilherme... - eu gritei indignada, ele estava com pena de mim? - Não quero que seu pai faça alguma coisa com você, só porque voce ta com pena de me matar!
- Hã? - ele me olhou confuso e logo riu. - Eu? com pena? de você?
E riu novamente.
- Deveria ter não é?! - gaguejei - Já que voce não me matou ainda...
Ele parou de rir e foi até mim, ajoelhou-se e pegou nas minhas mãos.
- Eu não te matei por ter pena de você. - ele falou sorrindo, meu coração se acelerou.
- Então por que? - perguntei
Ele fechou os olhos e tentou sei la o que ele tava fazendo, parecia estar tentando achar as palavras certas, para falar.
- É bem dificil...- ele falou - para o caçador matar a sua caça quando se está apaixonado por ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário